O Presidente da CNBB, Dom Raymundo
Damasceno Assis, fez um agradecimento ao Papa Francisco pela canonização
de José de Anchieta na conclusão da Santa Missa em ação de graças pela
canonização do novo santo, nesta quinta-feira, 24, na Igreja de Santo
Inácio, em Roma.
Santidade,
A Igreja no Brasil e o povo brasileiro
agradecem a Deus por lhes permitir realizar um sonho que durou mais de
400 anos: ver o Apóstolo do Brasil apresentado à Igreja Universal como
testemunha de Jesus Cristo.
Estou certo, Santo Padre, de trazer à sua
presença centenas de jesuítas que, ao longo de muitos anos, trabalharam
para este momento. Não só dou voz aos filhos de Santo Inácio, mas
também a milhares de fiéis leigos envolvidos pela santidade e pelo
carisma do Padre Anchieta. Eles deram o melhor de si para que esta
celebração acontecesse. Assim, em nome de todos eles, vivos ou já na
visão beatífica, quero, do fundo do coração, dizer-lhe: muito obrigado,
Santidade!
José de Anchieta chegou jovem ao Brasil,
com 19 anos de idade, pouco depois de ter emitido os votos religiosos de
pobreza, castidade e obediência. Com um coração juvenil, amou, desde o
primeiro contato, o povo brasileiro. A ele, dedicou sua grande
inteligência, cultura e erudição, a capacidade de amar e de sofrer por
amor. A ele, consagrou suas qualidades humanas, a capacidade de lutar,
de ser aguerrido e a sua espiritualidade.
Como um São Francisco do Novo Mundo,
revelando notável capacidade de observação da natureza, escreveu a
chamada Carta de São Vicente. Nela, com grande erudição, e de modo muito
completo e preciso, fez a primeira descrição detalhada da Mata
Atlântica, importante bioma brasileiro.
Anchieta, também como o santo de Assis,
viveu a pobreza e a simplicidade. Em carta, descreveu como as vivia com
os indígenas, chegando ao ponto de relatar que, como toalha de mesa,
usavam folha de bananeira, para, em seguida, completar que dela não
tinham necessidade, pois qual a razão da toalha se lhes faltava a
comida? Como o pobrezinho de Assis, no espírito da perfeita alegria,
asseverou que estavam tão felizes naquela situação – ele e os demais
jesuítas –, que, ao pensarem no tipo de vida levada nos colégios da
Europa, nenhum tipo de saudade lhes vinha ao coração.
Santo Padre, contemplando no Padre
Anchieta a simplicidade de vida, o serviço prestado aos marginalizados, o
seu modo de vida, encontramos o Senhor da Vida. Nosso Apóstolo se fez
santo servindo aos indígenas, aos negros e a todos os pequenos do
Brasil. Queremos seguir seus passos. Ele foi o nosso grande e incansável
evangelizador. Seu exemplo motiva-nos a irmos destemidamente ao
encontro de Jesus Cristo e dos irmãos.
O Padre Anchieta deixou-nos também o
exemplo do grande amor que dedicava a Nossa Senhora, a quem sempre pedia
socorro. Ela foi sua força e apoio nos momentos cruciais de sua vida:
no ambiente conturbado de Coimbra, quando percebeu que sua vida cristã
poderia arruinar-se, ou na Aldeia de Iperoig, na costa brasileira, onde,
sem nenhum apoio visível – a não ser a oração -, por vários meses
permaneceu refém dos índios tupinambá.
Nesse trágico momento, mais uma vez
recorreu a Maria e, certo de sua ajuda, começou a escrever o Poema da
Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, expressão de sua
extraordinária devoção e amor à Santíssima Virgem.
Santo Padre, muito obrigado por nos
permitir partilhar com os cristãos do mundo todo o belo testemunho que
foi a vida de São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil.
Arcebispo de Aparecida, SP
Presidente da CNBB
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