O Conselho Missionário Indigenista (CIMI), organismo vinculado à CNBB, lançou na sexta-feira, 9, na sede da CNBB, em Brasília, o relatório sobre a violência contra os povos indígenas no Brasil em 2009.
O presidente do CIMI, dom Erwin Krautler, ressaltou que o objetivo do relatório não é dizer se a violência contra os indígenas aumentou ou diminuiu, mas mostrar que há violência contra os povos indígenas. “Não se trata de estatística, porque nosso relacionamento é pessoal com esta gente”, disse dom Erwin.
A antropóloga, Lúcia Rangel, coordenadora do relatório, concorda com dom Erwin. “Os números contidos no relatório não são números que podem ser trabalhados estatisticamente. Nos últimos dez anos podemos falar de aumento de violência contra o patrimônio indígena, assassinatos, suicídio”, ressaltou Rangel.
O relatório teve como fontes relatos dos missionários do CIMI e também dados divulgados pela imprensa. Por essa razão, segundo Lúcia Rangel, o relatório não é a totalidade da realidade do território indígena brasileiro.
O relatório teve como fontes relatos dos missionários do CIMI e também dados divulgados pela imprensa. Por essa razão, segundo Lúcia Rangel, o relatório não é a totalidade da realidade do território indígena brasileiro.
O documento tem quatro capítulos que tratam da violência contra o patrimônio indígena, contra a pessoa do índio, causada por omissão do Poder Público e contra os povos indígenas isolados.
Os dados
Em 2009 foram registrados 133 casos de violência provocados pela omissão do poder público. Entre as ocorrências, destaca-se, mais uma vez, o grande número de morte por desassistência à saúde, 41 no total. Deste número, 22 vítimas são do povo Xavante, da comunidade Parabubure, localizada no município de Nova Xavantina, Mato Grosso.
Outro dado alarmante é o alto índice de desnutrição. No ano passado foram registrados 90 casos na comunidade Guarani Kaiowá de Dourados (MS) e um registro de nove mortes de crianças em decorrência do baixo peso em São Paulo (7), no Tocantins (1) e no Paraná (1).
Criminalização
O Relatório aponta que há um crescente processo de criminalização de lideranças e uma intensificação de ações contra os indígenas em diversos estados do país. Os casos que mais chamam atenção foram os praticados contra os Tupinambá, na Bahia, e os Xukuru, de Pernambuco.
Em junho de 2009, cinco indígenas da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, município de Buerarema, foram capturados e agredidos pela Polícia Federal. Durante a ação, eles foram algemados, imobilizados no chão e receberam fortes doses de um produto químico, conhecido como gás de pimenta, nos olhos. Exames comprovaram ainda que três deles receberam choques elétricos na região dorsal e genital. Essas agressões, praticadas com requintes de crueldade e tortura, tinham por objetivo intimidar os indígenas para que saíssem da terra que tradicionalmente ocupam.
Fonte: CNBB
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