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sexta-feira, 30 de maio de 2014

A força do Papa Francisco é o poder do coração

Amar é muito mais que tolerar e foi isso o que o Papa Francisco fez na Terra Santa encontrando os representantes das outras religiões, bem como os presidentes palestino e israelense. É o que ressalta o presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, que – entrevistado pela Rádio Vaticano - fala sobre o "poder do coração" exercido pelo Papa durante toda a sua recente peregrinação. Segue entrevista da Rádio  Vaticano.

Cardeal Jean-Louis Tauran:- "A foto que mostra o Papa diante do Muro das Lamentações junto a seu amigo rabino e a seu amigo muçulmano é a que melhor sintetiza esta sua viagem: a importância do diálogo inter-religioso. Porque tudo pode acontecer onde as pessoas se conhecem, conversam, se olham face a face, se ouvem reciprocamente, aceitam reconhecer no outro aspectos positivos. Esses são valores de santidade e de verdade que, a seu modo, cada religião tem, embora saibamos que Jesus é a Verdade. Ademais, ressaltaria a proposta feita pelo Papa aos dois presidentes, israelense e palestino – "venham encontrar-me, em minha casa" –, de modo muito simples, com palavras que vinham do coração. Creio que este é um apelo que se dirige a todos os cristãos, de modo particular aos católicos: se na sociedades de hoje existe um poder que podemos exercer, este é o "poder do coração". E vi no Papa que falava com seus interlocutores esta força do poder do coração, ou seja, amar e ver no outro verdadeiramente um irmão. Não simplesmente tolerar: numa família não se tolera entre si, se ama. Usou palavras muito simples, que não têm nada a ver com o direito internacional ou a praxe diplomática. O Papa abriu um novo capítulo. Creio que o Oriente Médio, o diálogo inter-religioso e os esforços pela paz não podem permanecer no estado no qual hoje se encontram: algo de novo terá início, graça a este poder do coração."

RV: Esta viagem foi apresentada como uma peregrinação à Terra Santa, mas foi muito além disso, como o senhor indicou, no âmbito político...
Cardeal Jean-Louis Tauran:- "Tudo é política, mas a política não é tudo para o homem, obviamente. Creio que numa região como a do Oriente Médio religião e política estão muito ligadas pela simples razão que, por exemplo, o Islã não faz distinção entre religião e política. Em todo caso, precisa sempre insistir, estou convencido disso, sobre este fato: que as guerras em andamento não foram provocadas pelas religiões, a religião faz parte da solução. Hoje não se pode entender o mundo, querendo olhar para o futuro, sem fazer referência à religião, ao sagrado, à dimensão transcendente que cada um carrega consigo."

RV: Como o Papa viveu estes três intensos dias vividos na Terra Santa?
Cardeal Jean-Louis Tauran:- "Com muita coragem, determinação e na oração. Creio que a oração seja a chave de tudo porque é ela que lhe dá aquela serenidade. É maravilhoso ver a simplicidade com a qual ele acolhe as pessoas, mesmo as que têm as mais altas responsabilidades: para ele, realmente, cada homem é um irmão..."

RV: Na audiência geral desta quarta-feira Francisco disse ter recebido uma palavra de esperança...
Cardeal Jean-Louis Tauran:- "Quando nos encontramos com pessoas que durante anos e anos sofreram a guerra, as lutas internas, perguntamo-nos como se sentem: esperam num futuro? Sabemos que têm um futuro... Fiquei muito impressionado, por exemplo, com o rei da Jordânia, que disse: "Os cristãos, aqui, estão em casa, existiam aqui antes de nós". Não foi a primeira vez que ouvi isso, e creio que seja verdade."

RV: O senhor mesmo constatou uma mensagem de esperança para os cristãos e para toda a população local...
Cardeal Jean-Louis Tauran:- "Com certeza. Creio que o Papa tenha conquistado todos. O Papa não propõe nem soluções, nem negociações: simplesmente, abre sua casa para que quem quer que seja venha até ele e se sinta em casa, possa olhar-se face a face e se possa ouvir reciprocamente. É formidável, é magnífico!" (RL)

Fonte: news.va

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