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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Campanha Nacional de Combate à Hanseníase

Campanha Nacional de Combate a Hanseníase será lançada no próximo dia 10
Na última reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi aprovada a realização de uma Campanha Nacional, no próximo dia 10, de combate à Hanseníase. Em parceria com a Pastoral da Criança, Pastoral da Saúde, Franciscanos, Movimento de reintegração das pessoas atingidas pela hanseníase (Morhan), Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), a CNBB convida a adesão de todas as dioceses e paróquias do país, a participar desta campanha.
Segundo comunicado do Secretariado Geral da Conferência, a CNBB convida toda a Igreja no Brasil, para no dia 10 de outubro de 2010 somar esforços com a sociedade e oferecer informações atualizadas, para superar os preconceitos e o estigma em relação à Hanseníase, uma doença que tem cura! Além dos roteiros homiléticos oferecidos pela CNBB, levantamos alguns dados e reflexões, para que possamos estar unidos ‘num mesmo pensar e agir’, no intuito de ajudar as pessoas a começar o quanto antes o tratamento desta doença”.
Foi escolhido o Evangelho a ser proclamado no dia o livro de Lucas (17, 11-19). “Queremos, como os enfermos do Evangelho de Lucas que será proclamado nesse dia, gritar confiantes: ‘Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!’. Para que este grito ecoe em todo o nosso país, convidamos a todos os que presidem a Santa Missa ou a Celebração Dominical da Palavra de Deus, a esclarecerem os fiéis, utilizando-se das homilias, das preces comunitárias, ou até mesmo, indicando, durante a celebração, uma ação concreta de solidariedade aos irmãos e irmãs acometidos por esta enfermidade”, diz o secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, em carta enviada aos cardeais, arcebispos, bispo, padres e religiosos do Brasil.

XXVIII Domingo – Ano C:
A Missão de Jesus continua hoje: Hanseníase tem cura

A CNBB convida toda a Igreja no Brasil para no dia 10 de outubro de 2010 somar esforços com a sociedade e oferecer informações atualizadas, para superar os preconceitos e o estigma em relação à Hanseníase, uma doença que tem cura!
Além dos roteiros homiléticos oferecidos pela CNBB, levantamos alguns dados e reflexões, para que possamos estar unidos “num mesmo pensar e agir”, no intuito de ajudar as pessoas a começar o quanto antes o tratamento desta doença:

1. Na Bíblia, sob a denominação de lepra (tradução da palavra grega “lepros”, que por sua vez é tradução do hebraico “tsara'at”) são nominadas diversas doenças da pele, de caráter mais ou menos grave; entre elas pode figurar, pelo menos em alguns casos, aquela que hoje, no Brasil, se chama hanseníase.

2. Hoje, após a descoberta do bacilo por Hansen (1873) e dos remédios (poliquimeoterapia), a doença se torna bem conhecida e tem cura. Quanto mais cedo for reconhecida e tratada, melhor. Entretanto, precisamos fazer mais: não podemos permitir que crianças continuem sendo contaminadas. Precisamos fazer com que os homens se cuidem mais, já que as mulheres, pela sua característica de cuidadoras, também se preservam mais. É nosso dever agir de forma natural diante do cuidado que devemos aos nossos doentes, pois assim as dores transformam-se, aos poucos, em esperança. A Hanseníase tem cura!

3. No Brasil, apesar da redução drástica no número de casos, de 19 para 3 doentes em cada 10.000 habitantes, a hanseníase ainda se constitui em um problema de saúde pública, que exige uma vigilância permanente. Em 2009 foram descobertos 37.610 mil casos novos, especialmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste.

O que todos devem saber e podem informar
Quem tem os sinais da doença (manchas esbranquiçadas no corpo, com diminuição da sensibilidade, perda de força nos músculos das mãos, pés e face) ou tem dúvidas deve procurar o serviço de saúde mais próximo e pedir para fazer um exame. Ele é realizado na hora pelo médico. A hanseníase, se tratada tardiamente, pode deixar sequelas, como perda da força física, ou deformidades.
A hanseníase deixa de ser transmitida, quando o doente inicia o tratamento. A medicação é gratuita e está disponível nas unidades de saúde. Quem tem a doença, pode abraçar os outros e não precisa ter roupas separadas, enfim, essa pessoa deve levar uma vida normal.
E finalmente, o tratamento deve ser feito de modo completo, sem interrupção.

4. Conhecendo a doença e tratando-a como se deve, poderemos, com o tempo, superá-la e evitar tanto sofrimento às pessoas. É só com a participação ativa das diversas instâncias da sociedade que se poderá superar mais facilmente a hanseníase.

5. Enquanto houver pessoas que adoecem ou que sofrem sequelas, elas precisam de apoio, respeito, compreensão, e serem atendidas nos seus direitos, evitando-se qualquer forma de marginalização.

6. A mensagem de fé deste domingo vai além da cura de uma doença e da boa educação de quem foi curado e que volta para agradecer. O evangelista Lucas, em sua preocupação com todos os marginalizados, nos apresenta um milagre em que os doentes se transformam em sinal: são pessoas que recebem a graça salvadora de Deus que os transforma.

7. Para compreender o valor deste sinal, é preciso prestar atenção em alguns pontos:
a) O ponto de partida é a súplica: “Jesus Mestre, tende piedade de nós!” O gesto deles resume o grito de todas as pessoas que se sentem necessitadas e batem à porta do Salvador em busca de socorro.
b) O milagre tem um duplo efeito: para os nove, o resultado foi que voltaram a ser o que já eram: reentrar na vida humana e religiosa do povo de Israel, o que não era pouco. Eles observam a lei, obedecem à palavra de Jesus, porque é cumprimento da lei, mas se julgam curados porque observantes, consideramse merecedores.
c) Para o evangelista, porém, do encontro com Jesus espera-se uma mudança radical como aconteceu com o samaritano.
d) O Samaritano voltou, “glorificando a Deus em alta voz”. O milagre lhe abriu os olhos para o sentido da missão e da pessoa de Jesus. Ele retorna para Jesus e agradece pelo dom recebido. Não saberia mais aonde ir. Encontrou em Jesus “o seu lugar” e se colocou ao seu serviço.
e) Naamã, o sírio, por sua vez, passa da cura à fé: não reconhece mais outro deus senão o Deus de Israel.

8. Nem sempre é fácil descobrir Jesus como o verdadeiro dom de Deus para nós e aceitá-lo totalmente, sendo agradecidos. Pessoa de fé é aquela que recebe o dom de Deus como o samaritano que, curado e agradecido, leva uma forma de vida renovada.

9. O milagre da cura exterior da doença comportava na salvação; que exige uma resposta de alguém que se sente reconhecido e transformado. Para o samaritano, o que começou como uma cura física, tornou-se a salvação definitiva.

10. Em diversas épocas da história, seguidores de Jesus assumiram a atitude do Mestre, colocando-se ao lado dos pequenos e doentes. São Francisco de Assis talvez seja o modelo mais emblemático, pois não queria apenas dar esmolas aos leprosos, queria sentir, vivenciar a dor extrema da rejeição, do abandono e da dor física pelo amor que tinha ao Deus que ele via no rosto daqueles irmãos enfermos e marginalizados. Séculos depois, São Francisco Xavier, também se destacou pela dedicação aos marginalizados, entre eles, os leprosos de quem cuidava pessoalmente. No século XIX, o padre Damião de Molokai transformou sua vida em um testemunho de enorme grandeza evangélica indo morar na ilha onde os leprosos eram segregados e esquecidos, cuidando deles e organizando-os em comunidade, fazendo com que resgatassem sua dignidade roubada. A vida desses santos homens de Deus revela-nos o caminho de sua missão: doaram suas vidas oferecendo-as ao cuidado dos mais excluídos de seu tempo. Isso lhes proporcionou experimentar aquilo que Jesus havia proposto: viver o amor evangélico.

11. Mas é verdade também que, pelo menos indiretamente, a Igreja influiu para cultivar o preconceito, por exemplo, quando associou o pecado como a “lepra da alma”. É interessante notar que no Novo Testamento apenas os “leprosos” eram purificados; todos os outros doentes eram curados. Além de toda a idéia de impureza ligada à doença denominada “lepra”, implicando num ritual de purificação, segundo uma crença disseminada entre os judeus, aguardava-se a erradicação total da mesma com a vinda do Messias. No relato de Mt 11,5 e Lc 7,22, Jesus “purifica os leprosos” e confirma sua missão como Messias.

12. Esperamos que os cristãos, segundo Jesus, continuem “tocando” os que são acometidos pela hanseníase, levando-lhes simpatia, informação, apoio e cura, conduzindo-os na conquista da saúde e a participar ativamente de sua comunidade de fé!

13. Por isso, pedimos a colaboração de todos, para que, neste dia 10/10/2010, em nossas celebrações, de alguma forma, seja feita referência a esta enfermidade que ainda assola o nosso país. E nos comprometamos com o Evangelho através de atitudes concretas de solidariedade, respeito, atenção e amor para com os nossos irmãos e irmãs acometidos pela hanseníase.

14. Peçamos ao Senhor que nos acompanhe e proteja nesta missão a nós confiada. E que Maria, a mãe das dores, seja sempre o nosso modelo discipular, permanecendo ao pé da cruz como sinal da comunhão com os seus filhos e filhas de todos os tempos!

Brasília, 15 de setembro de 2010 - Na memória de Nossa Senhora das Dores
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
Secretariado Geral
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