Dom Luiz Demétrio Valentini, Bispo de Jales, SP |
Desde a tradição hebraica, passando pela tradição cristã, a páscoa é a festa central de cada ano. De tal modo que, celebrada a páscoa, o ano fica abençoado, bem encomendado, pela maneira como a páscoa foi celebrada.
Desta vez,
tivemos uma páscoa bem incrementada, pelos surpreendentes episódios ligados ao
processo da sucessão no Vaticano, que culminaram com a eleição do Papa
Francisco.
Pois bem, se
a páscoa foi muito marcada por estes episódios, o ano todo vai levar a marca
deste início de pontificado, que começou suscitando tantas esperanças. Depois
das demonstrações iniciais, sinalizando as intenções do novo papa, as
expectativas começam a se voltar para as primeiras medidas concretas, que
indiquem a efetivação da retomada da renovação eclesial, que continua tendo
como referência ampla as propostas apresentadas no Concílio Vaticano II.
Não há
dúvida, que o pontificado do Papa Francisco inaugurou um novo período na vida
da Igreja. Um novo clima foi instaurado. Está bem fundada a confiança que o
novo papa inspirou, de presidir na caridade a comunhão eclesial, a partir da
Diocese de Roma. São intenções generosas,
que poderão encontrar facilmente formas de se realizar, e assim ir consolidando
avanços significativos na empreitada de colocar novamente a Igreja em renovação
e em estado de missão.
Neste
contexto, a própria Assembleia Geral da CNBB, que começa nesta semana, será
certamente influenciada pelo clima de início de pontificado. Já o fato dos
bispos partilharem suas impressões sobre o novo Papa oferecerá assunto para
muitas conversas pessoais, que certamente marcarão também as intervenções
públicas sobre os diversos temas da Assembleia.
Por isto, sem
acrescentar nenhum assunto novo na agenda da Assembleia, todos os assuntos
serão situados no contexto do novo momento vivido pela Igreja.
Acresce outro
detalhe importante. Está confirmada a vinda do Papa Francisco ao Rio de
Janeiro, no próximo mês de julho. Se antes este “encontro mundial do Papa com
os jovens” já contava com uma expectativa de grande presença, e de ampla
repercussão mundial, mais ainda agora com a prometida presença do Papa que se
tornou centro de atenção da mídia. Está
garantida a ampla repercussão deste evento, que contará com as últimas
providências de sua organização nesta Assembleia da CNBB.
Ao garantir
que vinha para o Rio de Janeiro em julho, o Papa Francisco avisou que pretende
ir a Aparecida. Será mais um gesto, que se acrescentará a tantos outros, de
apreço pela devoção a Maria.
Mas a ida
dele a Aparecida possuiu outro ingrediente muito significativo. Foi em
Aparecida que se realizou recentemente a Quinta Conferência Geral do Episcopado
Latino Americano. Nesta Conferência, ele foi o coordenador da equipe de redação
do documento oficial.
Para o Papa
Francisco, ir para Aparecida é assumir a identidade da Igreja Latino Americana.
É valorizar sua caminhada pastoral, marcada pela generosa recepção do Concílio,
como ficou demonstrado pela Conferência de Medellín em 1968, cujo espírito foi
retomado na Conferência de Aparecida.
Portanto,
esta viagem do Papa ao Brasil ainda se insere dentro da apresentação da
“plataforma” do seu pontificado, olhado com muito interesse pelas Igrejas de
outros continentes, que agora aguardam a contribuição da Igreja que deu o novo
Papa.
Por tudo
isto, a Páscoa deste ano injetou novos ingredientes, que precisam de tempo para
serem assimilados.
Este ano
ainda promete.
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