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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Nomes cristãos, vocação brasileira

Artigo de Dom Demétrio Valentini,
Bispo de Jales (SP)

A semana começou, domingo, com São Sebastião. Ela vai incluir também São Paulo, na próxima sexta-feira, dia 25. São Sebastião, o padroeiro do Rio de Janeiro. São Paulo, patrono do Estado que leva o seu nome.

Aliás, era também o Santo que dava nome ao Rio, que no começo se identificava como “São Sebastião do Rio de Janeiro”. Como São Paulo, no início, também era “São Paulo de Itapetininga”.

O próprio país nasceu batizado cristão: “Terra de Santa Cruz”. Depois passou para o nome que hoje ostenta. Temos outros exemplos, na geografia de toponímios de nossa tradição, se tentamos recuperar a memória de como foram batizados.

A Bahia era, claro, a “Bahia de todos os Santos”. O Rio Grande era a “Província de São Pedro do Rio Grande do Sul”. Maranhão era o “Estado de São Luís do Maranhão”.
Por sua vez, temos um Estado brasileiro que honra o próprio autor da santidade, que é o “Estado do Espírito Santo”.

Santa Catarina, de início era o nome da Ilha, onde ainda hoje se encontra a capital, que estranhamento deixou o nome bonito da Santa, para lembrar o Marechal Floriano, e chamar-se “Florianópolis”. Em compensação, a Santa designa hoje o Estado inteiro de “Santa Catarina”.

Assim, com nomes e sobrenomes, nem sempre o santo ficou no registro de batismo. O Rio Grande e o Rio de Janeiro, talvez pela semelhança de designações, acentuaram o rio e omitiram o santo. São Paulo preferiu ficar só com o nome do santo, esquecendo sua designação indígena.

Sem entrar no mérito das discussões sobre a identidade religiosa do povo brasileiro, e sobre a conveniência de usar, ou não, símbolos religiosos, temos uma sábia lição a aprender, tirada da história de nossos toponímios. Alguns estados, ou cidades, tiraram ou acrescentaram o nome de santos na sua designação geográfica. E fizeram isto sem nenhum preconceito, simplesmente obedecendo a consensos que espontaneamente foram se criando.

O bom senso do povo nos ajuda a livrar nossa mente de preconceitos inúteis, que só servem para colocar minhocas na cabeça das pessoas.

Ninguém se incomoda, por exemplo, se São Sebastião faz parte, ou não faz parte, do nome oficial da cidade e do Estado do Rio de Janeiro. E mesmo que não faça, o povo sabe festejá-lo, na espontaneidade de uma salutar tradição que não se importa com nenhum preconceito religioso.

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