Páginas

quinta-feira, 26 de março de 2009

Simpósio sobre são Paulo - segundo dia


Dia 25 de março, quarta-feira, o Simpósio iniciou ãs 19h30 , com a palestra
Paulo e a desigualdade nos centros urbanos
tendo como palestrante
Paulo Augusto de Souza Nogueira
Doutor em Teologia, professor titular de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo. Além de docente, é pesquisador nas áreas de Teologia e Ciências da Religião, com ênfase em judaísmo antigo, história social e literatura do cristianismo primitivo e crenças apocalípticas.
Abordou os seguintes temas:










Paulo, pregador da igualdade?
Ele diz: “Não há mais nem judeu nem grego,
Não há mais nem escravo, nem livre;
Não há mais homem nem mulher...”

Imagem romântica de Paulo:
. Criador de uma proposta de igualdade sem precedentes na sociedade
. Proposta que supera o legalismo do judaísmo.
. Inaugura o acesso dos gentios às tradições judaicas.

Paulo misógino e anti-semita?
. Reações feministas a Paulo. Sua proposta mascara as assimetrias das relações de gênero nas comunidades cristãs?
. Reações judaicas (Boyarin, p. ex.): Paulo está desfigurando o judaísmo ao fazer equivaler “judeu”- escravo?
. O que dizer de sua incapacidade de aplicar o “nem escravo, nem livre”no caso de Onésimo?

Paulo, judeu de fronteira
. judeu (tribo de Benjamin, fariseu)
. da diáspora: Tarso
. Letrado
. Artesão

E seu horizonte religioso?
. Versado na Torá.
. Parte do judaísmo helenista
. Interpretação alegórica da Escritura
. Místico visionário, viajante dos céus
. Escatologia apocalíptica (1 Cor 15)

Paulo de Atos e sua relação com a sinagoga
Ao chegar em cada cidade, Paulo se dirigia à sinagoga local para pregar.
“Deixando Atenas, Paulo foi em seguida para Corinto. Lá ele encontrou um judeu chamado Áquila que acabava de chegar da Itália com sua mulher Priscila. Cláudio, com efeito, decretara que todos os judeus deviam sair de Roma
Paulo relacionava-se com eles e, como tinha o mesmo ofício – eram fabricantes de tendas – instalou-se na casa deles, e aí trabalhava. Cada sábado tomava a palavra na sinagoga.”

Paulo de Tarso pregador da igualdade?
(Gl 3,27-29) E se vós pertenceis a Cristo....

Paulo sonha com igualdade em duas vias:
. Não é posível pensar em igualdade social no Mediterrâneo, além das práticas cotidianas (comunhão de mesa, mulheres exercendo carisma).
. Paulo, judeu de fronteira, é sensível às demandas de gentios que vivem à margem da sinagoga.

Seguiu-se a palestra
Paulo, liberdade, diversidade e ecumenismo
na cultura pluralista de seu tempo e de hoje

tendo como palestrante Pedro Lima Vasconcellos
Bacharel em Teologia, mestre em Ciências da Religião e doutor em Ciências Sociais. É professor assistente e doutor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e de outros Institutos de Teologia do Estado. Tem experiência na área de Teologia, com ênfase em Novo Testamento.

Iniciou com a questão: O que significa hoje ler as cartas de Paulo?
O contexto judeu e helenístico que demarca a postura paulina nos faz pensar nos interlocutores diretos de Paulo com os quais reflete e propõe. Quem são eles?
O contexto urbano acaba salientando um dado: a pluralidade cultural e pluralidade religiosa.
Temos dificuldade em lidar com a pluralidade não como valor, mas como fato.
Isto acontece com Paulo, no areópago em Atenas (At 17. O altar “ao Deus desconhecido”.
No final do capítulo 1º da primeira carta aos tessalonicenses, Paulo faz elogio aos tessalonicenses pela “fé ativa”. Diz que o que lhes foi anunciado se irradiou por toda a Tessalônica e vizinhança. O percurso da missão de Paulo consiste nesta passagem em:
- Abandonar os ídolos e converter-se ao Deus verdadeiro.
Importa ler o texto no contexto.
Exemplo: a contraposição entre os ídolos e o Deus vivo e verdadeiro.
Os ídolos são mortos e falsos, mas são! (1Cor 8,5). Paulo fala de muitos deuses.
Paulo lida com um contexto cultural e religioso onde quer anunciar o Deus vivo e verdadeiro.
Na expectativa de que os judeus abandonassem os ídolos e aderissem ao cristianismo, Paulo travou embates para provar a legitimidade da sua missão. Isto se constata em Gálatas capítulos 1 e 2.
Dois aspectos em Gálatas, 2:
Concílio de Jerusalém – Para Paulo a reunião teria acontecido com 6 pessoas: Paulo, Barnabé e Tito de um lado; Tiago, Cefas e João, de outro. Paulo diz que os notáveis nada lhe acrescentaram. Referia-se a Cefas, Tiago e João. O resultado do Concílio (v.9) foi “darem-se as A mãos”. Estender a mão é o gesto de acolhida, de compreensão, de comunhão. A mão estendida se converte em ruptura no conflito de Antioquia, em seguida. Paulo fica sozinho porque pessoas vindas de Tiago estabelecem restrições na aceitação dos gentios na comunidade. Paulo diz que repreendeu Pedro na frente de todos. O tema da liberdade acaba tomando para Paulo dimensões dramáticas. Cristo nos libertou para a liberdade, fala aos gálatas. A afirmação da diversidade passou a ser alguma coisa imprescindível para que a sua missão pudesse acontecer. 1Cor 9, 1.
A problemática da liberdade de Paulo nos dias de hoje nos remete a duas direções:
- Paulo que quer engrossar o número dos eleitos . Como a cultura influenciou a sua missão?
- O desafio é conviver e respeitar as diferenças.

Perguntas dos participantes
respondidas por Pedro e Paulo
1. Paulo falou do receio do crescimento por causa da cultura de diferentes crenças. Hoje também há um crescimento das seitas. Querendo ser discípulos e missionários como podemos explorar a questão?
Quem tem medo do crescimento no mundo bíblico das seitas orientais porque os romanos tinham preconceitos e chamavam maléficas as coisas que não entendiam, por ignorância. Potencial de protesto e transformação não se vê nos grupos . O tema da prosperidade é marcado. Combate-se o crescimento. Crescimento de quê?
Paulo é um estimulador de crescimento. É importante que não percamos de vista o alcance imediato que o texto de Paulo pretendia.

2. Qual teria sido o impacto da separação do grupo de Paulo e de Barnabé, tendo em vista o desenvolvimento do cristianismo?
A divisão aconteceu. Resultou na busca de novo campo de ação. Atos 21 – volta de Paulo a Jerusalém, resultado da coleta levada aos pobres. (Rm 15, final). Entrega a coleta e no dia seguinte é preso. Estamos diante de pessoas humanas.
O cristianismo no Mediterrâneo é paulino. Não traz muito a memória de Pedro.
Pedro não era letrado e Paulo criou uma rede de comunicação.

3. Qual o conhecimento que Paulo tem de Jesus antes da sua morte e ressurreição?
Paulo pouco faz alusão a isso. Faz referência à ceia. Esta não referência faz pensar em desconhecimento mesmo.. Paulo poderia estar centrado na cruz pela sua experiência religiosa. Fala aos gálatas de neles imprimir a imagem de Jesus crucificado.












































Amanhã, aencerra-se o simpósio, com a seguinte programação:
DIA 26/03/2009 (quinta-feira)

das 19h30 às 20h20

Tema: A formação dos discípulos missionários no mundo urbano à luz do Apóstolo Paulo

Palestrante: Mathias Grenzer
Doutor em Teologia Bíblica, professor na Faculdade de Teologia da PUC-SP, Faculdade de Teologia do Unisal (Pio XI) e Faculdade de Filosofia e Teologia Paulo VI. Atua na área do estudo bíblico popular e publicou sete livros por Paulinas, além de diversos artigos em periódicos científicos.

das 20h30 às 21h20

Tema: Eclesiologia e ministérios na experiência de Paulo e de suas comunidades: inspirações para hoje e luzes para a aplicação do Documento de Aparecida nessa área

Palestrante: Pe. José Comblin
Sacerdote há 61 anos, nasceu em Bruxelas, Bélgica, e reside há vários anos no interior da Paraíba. Doutor em Teologia, trabalha na América Latina desde 1958. Teólogo de larga experiência, lecionou no Equador, Chile e Brasil e é muito requisitado para cursos e assessoria em vários países latino-americanos. É autor de vasta obra bibliográfica.

Nenhum comentário:

Boas vindas!

Você é o visitante!